domingo, 5 de agosto de 2012

A festa do Píer


A festa do Píer
Por Tulio Brandão 

O US Open em Huntington Beach Tradicional evento na Califórnia
 
O US Open é um daqueles eventos que você ama ou odeia. É a celebração da competição no formato festa, com shows, pistas de skate, gatas, movimentação intensa de mercado e jovens se apinhando para ver um pouco de tudo, até mesmo os melhores do mundo nas ondas medíocres de Huntington Beach.
Eu particularmente apoio o formato. Vejo um espaço confortável para a coexistência dos dois mundos – o das ondas perfeitas em paraísos distantes e o dos grandes festivais nos centros urbanos, onde o esporte forma opinião e pulsa como comportamento.
Com a explosão das manobras aéreas no cenário competitivo, essas competições em ondas curtas como a do píer americano ficaram ainda mais saborosas. Agora, o espectador não perde o seu tempo vendo apenas um Dave Macaulay da vida ensaboar a onda com sete manobras sem expressão. Normalmente, ganha quem traz a surpresa, quem tira o coelho da cartola.
Brasileiros têm longa tradição naquela praia, desde os tempos de Neco e Fabinho, que certa vez dividiram uma final de WCT ali. Hoje, a fama de melhor do mundo em ondas sofríveis costuma ser uma crítica velada de quem quer rebaixar o povo de Pindorama.
Mas não importa: é sempre melhor reforçar a condição de líder das ondas pequenas e irregulares do que deixar os estrangeiros recuperarem o posto.
A chave das oitavas-de-final do evento deste ano foi uma boa mostra da superioridade brasileira. Classificaram-se diretamente para a fase, sem rodeios nem repescagem, Filipe Toledo, Miguel Pupo, Jessé Mendes, Gabriel Medina e Adriano de Souza.
Na final, pode ser que nem dê Brasil. Aliás, quase nunca deu. Mas não importa: todo mundo sabe – até o garoto californiano que confunde Buenos Aires com Brasília – que os brasileiros dominam o mundo naquelas ondas. Aliás, o que não falta é fã rodeando Medina e cia.
No meio de tanta festa, me chamou atenção o título de uma matéria sobre o sexto dia de prova no site oficial do evento. O texto falava exatamente sobre o domínio brasileiro, num dia em que cinco das oito vagas para as oitavas-de-final conquistadas sem repescagem eram de brasileiros. Jessé, Pupo, Medina, Toledo e Mineiro.
Nada mais óbvio, a não ser pelo fato de o título omitir apenas um dos cinco: ele mesmo, Adriano de Souza. Não vou ficar aqui procurando pelo em ovo. Acredito sinceramente que tenha sido apenas um lapso de quem deu o título à matéria. É que minha lógica de jornalista diz que, se você fala de domínio, deve citar todos os exemplos que confirmam a sua tese.
E Adriano estava lá, dentro d’água, em plena forma. No fim, foi apenas mais uma daquelas terríveis coincidências que tornam Mineiro ainda mais brutalmente competitivo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário